Esta não é a primeira vez que falamos sobre a alta na demanda por madeira de pinus no Brasil. Durante estudos de mercado conduzidos pela Forest2Market do Brasil na região sul do país nos últimos meses, percebeu-se essa tendência cada vez mais clara de alta na demanda e queda na produção de toras de pinus, o que pode levar a um desequilíbrio no balanço nos próximos anos.
As projeções feitas pela F2M indicam que um déficit é esperado em curto prazo se nenhuma grande alteração no mercado ocorrer, pois a tendência é clara ao se analisar os números de fontes oficias como a IBÁ, conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1. Tendência do balanço de toras de pinus no BrasilFonte: Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)
O aumento na demanda nos últimos anos é explicado por fatores internos e externos ao Brasil. Primeiramente temos a (modesta, mas visível) recuperação do país após a crise econômica interna. Aliado a isso, está o aumento nas exportações de produtos de madeira de pinus (celulose, painéis, madeira serrada) motivado pela valorização do dólar e aumento na demanda por parte dos países importadores. Alguns segmentos atingiram patamares ainda maiores do que os observados antes da crise internacional de 2009 (em termos de volume de exportação). Por fim, o anúncio de expansão industrial (e de consumo de matéria-prima) por parte de grandes e importantes players nos próximos anos pressionará ainda mais a oferta de madeira.
Do outro lado da mesa há a tendência de queda na produção de toras de pinus, resultado da competição por terras com culturas agrícolas. A região sul do país, principalmente os estados do Paraná e Santa Catarina - principais produtores de pinus - não possuem áreas disponíveis para grandes expansões de área plantada. Este fato acaba elevando o preço da terra em algumas regiões, o que inviabiliza projetos florestais na maioria das vezes. As empresas que possuem planos de expansão, mencionadas anteriormente, terão que ir cada vez mais longe na busca de matéria-prima.
A Forest2Market do Brasil sabe que o “apagão florestal” é um conceito teórico, muito difícil de ocorrer na prática, pois, diante da falta de madeira, o mercado acaba se regulando e essa regulação ocorre por meio dos preços. O aumento de preços de toras de pinus nas classes superiores a 18 cm é perceptível nos últimos meses e logo deverá alcançar também a madeira de processo. Fator positivo para os produtores florestais e TIMOs, porém preocupante para os consumidores de tora que não possuem abastecimento de florestas próprias.