Após postergar a decisão por várias vezes, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou na última semana as tarifas definitivas a serem importas à madeira serrada importada do Canadá.
As tarifas combinadas variam de 10 a 24%, range esse inferior à variação prevista anteriormente, segundo artigo publicado pela Forest2Market do Brasil em Abril. Mais especificamente, a média para direitos compensatórios será de 14,25% e a média para anti-dumping será de 6,58% e ambos serão cobrados de todos os produtores de madeira serrada canadenses, segundo anúncio feito pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O anúncio incluiu que “enquanto esforços significativos foram feitos pelos EUA e Canadá para determinar um acordo de longo prazo à disputa comercial, as partes não foram capazes de estabelecer termos que fossem mutuamente aceitáveis. Como resultado o Departamento de Comércio continuou a analisar a situação e chegou à uma determinação final”.
Reações dos dois lados da fronteira
“Fiquei desapontado pelo fato de que produtores americanos e canadenses não chegaram a um acordo, porém, os Estados Unidos estão comprometidos a promover o comércio livre, justo e recíproco com o Canadá”, disse Wilbur Ross, secretário do Departamento. “Essa decisão é baseada em uma revisão imparcial dos fatos em um processo aberto e transparente que defende os trabalhadores americanos de práticas injustas de comércio.”
O primeiro ministro canadense Justin Trudeau chamou a medida de “injusta e punitiva”, embora reconheça que poderia ser pior. “Nós estamos, eu acho, satisfeitos que eles não foram tão pesados como antes, mas ainda assim representarão um fardo para os trabalhadores e comunidades florestais em todo o país. Nós iremos continuar a trabalhar com a administração americana para resolver essa situação de forma negociada”.
O conselho de Madeira serrada da Columbia Britânica – uma das mais tradicionais regiões madeireiras do Canadá – chamou a medida de protecionista e disse que planeja contestar a decisão. “Nós iremos recorrer imediatamente contra essas taxas”, disse Susan Yurkovich, presidente do Conselho.
Um porta-voz do Ministro de Florestas da Columbia Britânica disse que os recursos (um a ser apresentado perante a NAFTA e outro perante a Organização Mundial de Comércio) serão preenchidos em conjunto entre o Governo Canadense e as províncias afetadas tão logo as taxas sejam oficialmente publicadas pelos Estados Unidos. A Comissão de Comércio Internacional dos EUA irá criar uma regra definitiva até 18 de Dezembro.
E o Brasil?
A Forest2Market do Brasil monitora o mercado global de madeira e desde o ano passada comenta que a situação entre EUA e Canadá pode trazer maiores oportunidades para a madeira serrada brasileira. Isso pode ser sentido na exportação de madeira serrada de coníferas, por exemplo, que até outubro deste ano foi a maior dos últimos 10 anos, mesmo sem considerar novembro e dezembro.
A média mensal de exportação de madeira serrada de coníferas para os EUA aumentou em 15% de janeiro a outubro deste ano, mostrando que o mercado está se aquecendo. Diante do impasse comercial entre EUA e Canadá o mercado deverá se tornar ainda melhor para os produtores brasileiros.