As características que destacam o setor florestal brasileiro como único no mundo são várias. Entre elas, a dinamicidade do setor combinada com seu (ainda) grande potencial de crescimento, atraem fundos de investimento e indústrias de base florestal.
Nos últimos anos a área de florestas plantadas no Brasil teve uma evolução significativa. Três aspectos fundamentais devem ser avaliados para entender essa evolução e projetar o futuro: i. área de plantio em cada estado; ii. área de plantio por espécie; iii. horizonte de análise.
Os números apresentados neste artigo tem como fonte dados da Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ e foram compilados pelo Eng. Miguel Fabra, diretor da Stafford Capital Partners, empresa que possui investimentos em florestas no Brasil. Na tentativa de entender como a área de floresta plantada evoluirá nos próximos anos, Miguel trabalhou com projeções baseadas na taxa de evolução da área de florestas plantadas por estado e por espécie em curto e médio prazos (últimos 05 anos e últimos 13 anos). Ao término deste exercício, dividiu seu trabalho com o Diretor da Forest2Market do Brasil, Marcelo Schmid, e o “desafiou” a responder à pergunta: “qual será o tamanho da área de florestas plantadas no Brasil em 2030?”
Além de render uma análise interessante, o desafio entre os dois executivos rendeu uma aposta para ver quem chega mais perto da realidade. Ao perdedor caberá o dever de pagar a bebida ao vencedor, em 2030.
Atualmente, segundo dados do Ibá, o Brasil possui 7,24 milhões de hectares de florestas plantadas. Nos últimos 13 anos (período 2005 – 2018) essa área cresceu 38% (2,9% ao ano), porém nos últimos 05 anos o ritmo de crescimento caiu para apenas 1,32% (0,26% ao ano).
A área plantada de eucalipto, no período de 13 anos, teve incremento de 32%, enquanto a área plantada de pinus teve um decréscimo de 20% no mesmo período. Já nos últimos 05 anos, observa-se que a área plantada de eucalipto cresceu apenas 2,0%, enquanto a área plantada de pinus reduziu 1,3%. Esse número sinaliza uma importante mudança: nos últimos anos houve um crescimento significativo da demanda por pinus, freando a redução de área plantada deste gênero, conforme demonstra a área destacada na figura 01.
Figura 01. Evolução da área plantada de eucalipto e pinus no Brasil (ha)
Fonte: IBÁ, adaptado por Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil
Já a demanda por eucalipto parece ter atingido seu ponto máximo em 2017, com a saturação da capacidade de absorção de madeira pelas fábricas de celulose. Porém, essa situação certamente irá se alterar nos próximos anos e a área plantada deverá voltar a crescer, considerando todos os novos investimentos direcionados para este segmento.
Analisando os números por estado, as conclusões são igualmente interessantes. No caso do eucalipto, no período de 13 anos, todos os principais estados produtores aumentaram sua área de plantio. Já nos últimos 05 anos, apenas Paraná e Mato Grosso do Sul tiveram aumentos significativos: 22,7% e 10,9%, respectivamente, confirmando a redução no ritmo de plantio da espécie, conforme demonstra o período destacado na figura 02.
Figura 02. Evolução da área plantada de eucalipto nos seus principais estados produtores (ha)
Fonte: IBÁ, adaptado por Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil
E o pinus? Embora tenha ocorrido um decréscimo geral de mais de 20% em todo o país no período de 13 anos, no Paraná (principal estado produtor) o decréscimo foi de apenas 3,4% enquanto em Santa Catarina (segundo principal estado produtor) houve acréscimo de 1,8%. O grande volume de redução de áreas de plantio de pinus no país foi observado, de fato, em estados onde a cultura é menos tradicional, como Minas Gerais, que perdeu mais de cem mil hectares no período, e Bahia, que perdeu mais de 51 mil hectares, conforme apresenta a figura 03.
Figura 03. Redução da área plantada de pinus em estados onde a cultura não é tradicional (ha)
Fonte: IBÁ, adaptado por Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil
Já nos últimos 05 anos a área plantada de pinus decresceu apenas 1,5% no Paraná enquanto permaneceu praticamente a mesma em Santa Catarina, demonstrando que a conversão de plantios de pinus para outras culturas está diminuindo e a demanda pelo pinus aumentando no mercado (resultado das diversas ampliações industriais anunciadas para os próximos anos). Nos demais estados onde o mercado de pinus também é importante a área de plantio também praticamente não mudou neste período: em São Paulo houve redução de apenas 1,8% enquanto no Rio Grande do Sul a área permaneceu a mesma, conforme mostra o período destacado na figura 04.
Figura 04. Evolução da área plantada de pinus em seus principais estados (ha)
Fonte: IBÁ, adaptado por Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil
A tabela 01 apresenta a taxa anual de mudança na área de plantio para os dois períodos, por estado e espécie, onde percebe-se que, de forma geral, no período de 13 anos a taxa de crescimento anual da área de plantio de eucalipto foi superior à taxa de crescimento no período mais recente. Da mesma forma, observa-se que a redução anual da área de pinus foi muito mais expressiva nos últimos 13 anos do que nos últimos 05 anos, quando ela praticamente permaneceu estável.
Tabela 01. Taxa anual de evolução da área plantada em cada estado, por período e espécie
Fonte: IBÁ, adaptado por Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil
Será possível projetar a taxa anual de evolução observada nos últimos 13 anos e afirmar que em 2030 a área plantada de eucalipto passará de 5,6 milhões de hectares para 7,34 milhões? Será possível, com base na mesma taxa, afirmar que a área de pinus reduzirá de 1,57 milhões para 1,29 milhões de hectares em 2030? Ou deve-se adotar a taxa dos últimos 05 anos, para então afirmar que a área de eucalipto crescerá 4,8% e a área de pinus encolherá 3%, totalizando 5,95 milhões e 1,52 milhões de hectares, respectivamente?
Qual é a sua previsão?
Convidados são bem-vindos para se juntar à aposta. Envie-nos suas previsões por e-mail!
Para preparar suas previsões os executivos da Stafford Capital Partners e Forest2Market do Brasil levaram em consideração diversas variáveis além da taxa anual da área de plantio: economia, demanda, investimentos, política, investimento estrangeiros, questões ambientais, etc., mas somente duas coisas devem ser certas na ótica de todos aqueles que desejarem enviar sua previsão: i. Embora cada um tenha o seu número, todos iremos torcer para que a previsão mais otimista esteja correta e o setor florestal brasileiro cresça ao máximo nesse período; ii. O perdedor paga a bebida!