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Fornecimento de biomassa do Chile para mercados asiáticos

Abril 07, 2017
Author: Marcelo Schmid

À medida que o mercado asiático de bioenergia se torna maduro, a procura crescente por pellets e cavacos de madeira irá criar oportunidades para fornecedores destes materiais em todo o mundo. Considerando os pellets um produto feito de matéria-prima madeireira de baixo custo e o baixo custo de produção do cavaco, o número de potenciais fornecedores é significativo, pois teoricamente toda região produtiva com disponibilidade de florestas pode ser um fornecedor em potencial. Os produtores de bioenergia no Japão e Coréia do Sul irão precisar de um fornecimento seguro e consistente de biomassa, muitas vezes de vários fornecedores de diferentes regiões. Consequentemente essas empresas irão desenvolver estratégias sólidas de aquisição, análises de risco da cadeia de suprimento, análises de custos, diligências variadas nos fornecedores e diferentes estratégias para a negociação de contratos.

O presente artigo é parte de uma série de análises realizadas pela Forest2Market sobre diferentes regiões ao redor do globo e seu potencial em suprir a demanda futura dos mercados asiáticos por bioenergia e aborda especificamente o potencial do setor florestal Chileno em suprir a demanda de tais mercados.

Diferentemente de seu vizinho, o Brasil, o Chile possui aproximadamente 24% de cobertura florestal contra mais de 60% do Brasil. O país possui características geográficas únicas e paisagem extremamente diversificada, pois seu território se estende por mais da metade da costa oeste da América do Sul. Nas últimas décadas o Chile desenvolveu também uma respeitável base de florestas plantadas, a qual alimenta a importante indústria exportadora de produtos de base florestal do país.

A área florestal do Chile é de aproximadamente 13,4 milhões de hectares de florestas nativas e 2,4 milhões de florestas plantadas. As florestas naturais estão concentradas na região sul do país, enquanto que as plantações estão concentradas na região central e centro-sul do Chile. As plantações – basicamente pinus e eucalipto – estão principalmente estabelecidas em terras previamente ocupadas com agricultura e terras degradadas.

 

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De forma similar ao Brasil, a taxa de crescimento das florestas é muito alta e, com a evolução da área de florestas a colheita de madeira para uso industrial triplicou nos últimos 25 anos, atingindo 43,6 milhões de metros cúbicos em 2015. Em 2025 espera-se que as plantações produzam um volume sustentável de madeira superior a 45 milhões de metros cúbicos por ano. O produto mais popularmente exportado do Chile nos anos recentes tem sido celulose e papel, madeira serrada, painéis e cavacos de madeira.

 

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Grande parte do investimento no setor florestal chileno vem do setor privado o qual injetou  aproximadamente 500 milhões de dólares na formação de florestas e 11,7 bilhões no processamento da madeira desde 1990, sendo que os incentivos governamentais no país nos últimos 40 anos auxiliaram a direcionar o investimento privado. As plantações florestais são responsáveis por 98% do resultado econômico das florestas chilenas, o que reduziu a pressão sobre as florestas nativas. A colheita de madeira em florestas nativas caiu de 16,1% no total de colheita em 1990 para 0,8% em 2013.

As florestas plantadas chilenas, assim como as brasileiras, são privadas. Aproximadamente 70% dos plantios de pinus e 75% dos plantios de eucalipto são de propriedade de grandes empresas e mais de 50% dessas florestas pertencem a duas empresas de produtos florestais: Arauco e CMPC. O restante das plantações é de propriedade de pequenos e médios produtores.

Devido à robusta e crescente indústria florestal chilena o potencial para produção de pellets de madeira e cavacos é promissor. Enquanto que a lenha permanece um recurso popular para fins de aquecimento, a indústria de produtos florestais gera grandes estoques de biomassa na forma de resíduos de operações florestais e industriais. Atualmente existem poucos  fabricantes de pellets utilizando esse material, mas nenhum na escala que se observa no sul dos Estados Unidos (onde existem mais de cem fábricas) e a maior parte do consumo é para aquecimento doméstico.

Em 2015 o Chile possuía um total de 191 fábricas de cavaco, sendo 148 integradas com outras indústrias já existentes e 43 exclusivamente dedicadas à essa produção. No total as fábricas de cavaco do Chile produzem cerca de 10,2 milhões de metros cúbicos, sendo que 63% da produção é voltada ao mercado interno e o resto é exportado. Em 2016 o cavaco chileno se tornou o 5º mais valioso produto florestal exportado no país, com uma receita de US$ 347,3 milhões. A exportação totalizou perto de 5,3 milhões de toneladas em 2016, um aumento de 36% em relação ao ano anterior. Embora a exportação de cavaco para a China esteja aumentando (sobretudo chips de Eucalyptus nitens) a maior parte do cavaco é ainda exportada para o Japão (cavacos de Eucalyptus globulus), o qual é maior importador de cavaco chileno desde a década de 80.

Custos da matéria prima

A tabela a seguir apresenta os componentes de custo associados com a produção e exportação de cavacos verdes e secos e potenciais custos de exportação de pellets do Chile para os portos no leste da Ásia. Nas condições atuais os custos para a exportação desses produtos são ligeiramente mais baixos que os custos para a exportação do Brasil devido a melhores condições de transporte, as quais compensam um custo de matéria-prima (toras) ligeiramente mais alto que o Brasileiro. O custo médio mínimo do cavaco entregue de um porto no Chile ficaria em torno de US$ 75 por tonelada verde.

 

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