Os relatórios de benchmark de preços florestais da Forest2Market no Hemisfério Ocidental permitem que empresas florestais (produtores e compradores) comparem seus custos de matéria-prima com a média do mercado de várias maneiras:
- Por produto final: um produtor de caixa de papelão para embalagem (boxboard), por exemplo, pode comparar os custos com a média de mercado praticada por outros produtores do mesmo produto;
- Por espécie: um consumidor de coníferas (softwood) pode comparar seus custos com os de todos os outros consumidores de coníferas. O mesmo é possível para folhosas (hardwood);
- Por região: se a empresa estiver na região do planalto catarinense, norte de Minas Gerais, ou sul dos Estados Unidos, por exemplo, é possível comparar seus custos com a média praticada por outras empresas da mesma região. A Forest2Market trabalha em diversas regiões em todo o mundo;
- Pela concorrência mundial: Como os mercados de celulose e papel são globais, é possível entender a posição do custo de uma empresa deste setor em relação aos outros produtores do Hemisfério Ocidental.
Preços de fibra de madeira entregue - por produtos finais
Os preços de fibra de madeira diminuíram para todos os produtores de papel e celulose no 2ºT/2017 com exceção do papel jornal, que aumentou 1,8% no comparativo trimestral. No comparativo anual, todos os segmentos sofreram queda nos preços, sendo que a celulose de fibra curta sofreu a maior queda (5,8%), seguido por papéis revestidos (5,5%) e papel não revestido, boxboard (caixa para embalagem) e containerboard (caixa para transporte), entre 4 e 5% cada.
No quadro abaixo estão os resultados do 2ºT/2017 (variação média de preço) comparados com o 1ºT/2017 e com o 2ºT/2016, para os diversos segmentos:
O gráfico abaixo indica a tendência para os diversos segmentos entre o 1ºT/2014 e 2ºT/2017. Os preços foram maiores para os segmentos de papel revestido e celulose de fibra curta, enquanto que os menores preços foram para os fabricantes de papel jornal e celulose de fibra longa.
O gráfico a seguir apresenta a tendência para os mesmos segmentos do gráfico anterior, porém, para os últimos 04 anos. Percebe-se que houve queda geral nos preços de todos os produtos reportados.
Preços de fibra de madeira entregue por espécie e região
Os gráficos abaixo apresentam a variação dos preços de fibra de madeira de coníferas entregue em diferentes regiões (variação trimestral e variação anual, respectivamente).
Os gráficos a seguir, por sua vez, apresentam a variação dos preços de fibra de madeira de harwood (folhosas), incluindo o eucalipto no Brasil, entregue em diferentes regiões (variação trimestral e variação anual, respectivamente).
Brasil e Sul dos Estados Unidos, regiões de menor custo
O desempenho do Brasil nos últimos trimestres pode ser descritos com uma palavra: estável. Mesmo com transtornos causados pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff a economia brasileira aumentou no 1ºT/2017. Embora o ambiente político ainda esteja sofrendo desafios com as denúncias de corrupção, o PIB aumentou 1% no 1ºT, acabando com a recessão de dois anos do país e a contração econômica de quase 8%.
Os preços de fibra de madeira representam esta estabilidade. Os preços de taxa cambial fixa para fibras de coníferas diminuíram U$3,30/t desde o 1ºT/2016 com a maior parte da queda ocorrendo no 1ºT/2017 (US$1,74/t) e com mais um decréscimo no 2ºT/2017 (US$0,95). A fibra de folhosas sofreu um declínio ainda maior, com os preços de taxa cambial fixa diminuindo US$10,03/t desde o 1ºT/2016. Assim como ocorreu com a fibra de coníferas, a maior parte da queda ocorreu no 1ºT/2017 (US$3,23/t) e uma queda adicional de US$4,45/t no 2ºT/2017.
Contando a taxa de câmbio, o Brasil continua a manter uma significativa vantagem de custo em relação aos outros mercados do Hemisfério Ocidental, incluindo o Sul dos Estados Unidos. No comparativo anual, os preços de 2017 de coníferas são US$9,41/t abaixo do que observado no sul dos EUA. No entanto esta é uma redução quando comparada ao mesmo período de 2016, quando o Brasil apresentou uma vantagem de US$13,57/t. Para os preços de fibra de eucalipto versus fibra de folhosas do sul dos EUA, a tendência é a mesma. Os preços no acumulado anual mostraram uma vantagem de US$ 14,22/t enquanto que para o mesmo período em 2016 a vantagem foi maior, de US$17,14/t.
Embora a maior parte da vantagem do Brasil seja devido ao fortalecimento do Real frente ao Dólar, uma parte da redução também se deve à queda dos preços no sul dos EUA.
O sul dos EUA tipicamente experimenta altas sazonais no inverno, quando as indústrias aumentam seus estoques e as condições de estrada deterioram-se em função da precipitação. No entanto isso não se materializou no último inverno pois a precipitação no 4ºT/2016 e 1ºT/2017 foi 14% abaixo da média. Como os estoques das fábricas estavam altos, a demanda foi suavizada e como consequência os preços da fibra de madeira diminuíram. No 2ºT/2017 os preços de coníferas estavam US$1,85/t menores do que no mesmo período do ano anterior, e os preços de folhosas estavam US$3,19/t menores.
América do Norte - Oeste, América do Norte – Leste, regiões de maior custo
A sazonalidade na Columbia Britânica e no Noroeste do Pacífico geralmente ocorre no segundo trimestre e isso não foi diferente no 2ºT/2017. Neste ano, entretanto, o aumento de US$4,56/t no custo das coníferas foi muito maior do que a média de US$2,25/t dos últimos 5 anos. A produção das serrarias vem aumentando na região, especialmente durante o 4ºT/2016, levando os preços ao quinto ano de decréscimo no 1ºT/2017. Isso continuou ocorrendo no 2ºT/2017, quando a produção aumentada das serrarias permitiu que as fábricas de papel e celulose mudassem suas compras de cavacos de toras inteiras para os cavacos de menor custo oriundos dos resíduos das serrarias. Então por que o forte aumento de US$4,56/t nos custos? A resposta está na demanda. No 1ºT/2017 a demanda foi 10,4% maior do que no mesmo período do ano anterior e no 2ºT/2017 o aumento foi de 3,3% se comparado ao 1ºT/2017 e 11,8% quando comparado ao 1ºT/2016.
Na América do Norte-Leste, com as reduções contínuas na produção de papéis revestidos e papel jornal, os preços estão em declínio acentuado. A sazonalidade no 1ºT/2017 para as coníferas causou um ligeiro aumento nos preços, porém caiu novamente no 2ºT/2017. Na primeira metade de 2017, os preços eram US$2,10/t menores do que na primeira metade de 2016 na mesma região.
Em relação às folhosas, a sazonalidade do fim da primavera no segundo trimestre aumentou os preços, mas assim como os preços das coníferas, estão em uma tendência de queda acentuada. Os preços do 1ºT/2017 foram US$4,70/t mais baixos do que no 1ºT/2016.
Perspectivas para o resto do ano
Os preços das fibras de madeira no Brasil deverão cair e, como as condições econômicas provavelmente continuarão a melhorar, isso fará com que o Real se fortaleça frente ao Dólar. Como resultado, os preços em Dólar aumentarão. O recente start-up da segunda máquina na fábrica de celulose da Fibria no Mato Grosso do Sul é uma indicação de fortalecimento da demanda global não preenchida por fábricas asiáticas. Como resultado direto das condições econômicas atuais, a demanda de fibra em alguns setores que são diretamente influenciados pelo PIB - particularmente a caixa de papelão para transporte (containerboard) - aumentará. No entanto, prevê-se que a diferença entre o Brasil e o sul dos EUA se alargue, dado que os preços do Sul dos EUA são susceptíveis de aumento.
A demanda de caixa de papelão para embalagem (containerboard) e OSB mostra o fortalecimento contínuo, e o efeito dos furacões Harvey e Irma provavelmente irá interferir o mercado. Além disso, prevê-se que uma forte precipitação durante o verão até o início do inverno cause um efeito ascendente sobre os preços. O atual aumento nos preços parece confirmar isso.
Na Columbia Britânica os incêndios florestais, as reduções nos cortes anuais permitidos e os direitos (potenciais) dos EUA sobre madeira serão amortecedores da produção de serrarias e reduzirão a disponibilidade de cavacos residuais no mercado. Isso aumentará os preços para as fábricas de papel e celulose na região, à medida que estas passam a procurar cavacos de toras inteiras, produto mais caro. No noroeste do Pacífico, os preços também provavelmente serão mais elevados à medida que o aumento na demanda e produção superarem qualquer aumento no suprimento de cavacos residuais.
No leste da América do Norte, é provável que os preços continuem a cair, já que o mercado continua buscando um preço mínimo por demanda.
Metodologia
Para o Benchmark do Hemisfério Ocidental, a Forest2Market usa preços de madeira de toras para celulose e cavacos (apenas cavacos para fibra de madeira, não cavacos para energia) entregues através da cadeia de abastecimento até a fábrica do produtor final. Em seguida, o preço e a unidade de medida são convertidos em dólares norte-americanos / tonelada. Para a tora, também é feita uma conversão para um equivalente em cavaco para fibra de madeira, e um custo de US$ 5,50 / tonelada é adicionado para descasque e cavaqueamento na pilha de cavaco. Em seguida, o preço médio ponderado é calculado para todas as fibras de madeira.